sábado, 30 de janeiro de 2016

FALTA


Sinto falta do que não aconteceu...
Do beijo de amor que não dei...
Dos sonhos que não sonhei...
Das confissões de amor que não fiz...
Estranhamente sinto falta,
dessa estranha cota de acontecimentos,
que macularam de alguma forma,
a minha cota de ser feliz...
Sim, me fazem grande falta, 
grandes e pequenas ocorrências...
Coisas tolas até,
que tornaram vazios de sentimentos,
a cota dos meus dias...

domingo, 14 de junho de 2015

VAZIOS

Fugiram todas as palavras...
Foram-se como aves de arribação,
buscar primaveras em outras terras,
calor em outra estação.
Longe o quente de seus ninhos,
triste é a minha mudez...
Na solidão, sem seus vinhos,
de dor é a embriaguez.
Hiberno. Quero acordar,
quando florir as olivas.
Nada a dizer, meu penar,
aguardam voltas festivas!

segunda-feira, 8 de junho de 2015

DECISÃO


Volvo o olhar da terra ao céu,
e um cansaço extremado,
me prostra quase rendida...
Não me entrego, é bela a vida
e imenso o amor que tenho
por estar, viver aqui...
Levanto-me decidida...
Seguirei até o fim...
Farei jus ao que me resta...
Que a vida me negue a si...
Caminhos findem; por mim,
vencerei sem ser vencida!

POR MIM


Pequeno lastro de luz
na escuridão do existir,
acho caminhos sem fim...
Escrevo a história a escolher,
de todos, o que me convém,
apossando do que houver...
Que me compreenda, ninguém...
Basta-me o senso de mim...
Ao existir, digo amém!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

POSSIBILIDADE




Sou como a casa vazia...
Partiram em revoada,
todas as rimas, poesia,
que em mim faziam morada...


Roldana a rolar vadia,
já não alcança o veio da água
e traz o balde sem pio...
Tristeza mansa me afaga...


Talvez nesta noite escura,
uma estrela me sorria...
Talvez incite a ternura,
que esculpe a velha alegria...


Teu rosto em doce torpor,
pela noite se insinue...
Embriague-me de amor...
De feliz, até flutue...




PENSANDO BEM


Perdida no vão da agenda,
entre o que foi concluído,

e o que restará em lenda,

sei que o céu não se remenda...

Pela fenda da janela,
saio da terrível cela...

Limitação que me atrela,

sem a doce liberdade...

Sou somente ser humano...
Preciso de um novo plano

em que eu controle o riso...


O pranto, a dor, cotidiano, 
não me atirem para o insano...


Ralho sim comigo mesma...
Olhando o meu céu engano,

devo mudar direção...


Rolo os dados sobre a mesa,
vou sair desta dureza, 

nem aí, se a sobremesa,

seja o tal, brigadeirão...


ANA MARIA GAZZANEO

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

SOL E LUA



Se é manhã eu acordo...
Visto a roupa de magia...
Do outro lado ele dorme...
Nem suspeita que meu dia,
vai desaguar na tristeza...

Vou dormir, se a noite chega...
Ele argumenta: - Bom dia!
E na distância se ajeita...
Ele a rumar por sua via
eu a sonhar, desta feita...

Quando irá coincidir
noite que será perfeita?
Quando uma data por vir
ele descanse da feita...
Possa comigo, dormir?

Sol e lua pelo cosmo
vivemos do que se possa...
Breve aceno e ele passa,
e eu sonho em algum plano
a noite seja só nossa! 

Ana Maria Gazzaneo

MISTERIOSA








Perdi-me em meu poema...
Já não sei se sou a açucena branca a bailar ao vento,
ou a estrela solitária a iluminar o firmamento.
Talvez seja ambas, nem sei...
Ou nenhuma delas...
Talvez seja a lua, por detrás da cortina,
ou uma rosa amarela...
Talvez nem tenha me perdido...
E só tenha feito fita...
E se nada é certo, quanto ao meu ser exato,
para não alongar,termino,
delonga que me engole, 
nessa hora aflita,
como alguém que brinca e em seu mistério,
te diverte e excita!

Ana Maria Gazzaneo